Os riscos de uma má comunicação entre as profissões da saúde

Categoria: Ciências da Saúde Subcategoria: Saúde Pública

Este artigo foi revisado e aprovado pela equipe editorial.

Revisor: C.E.R. em 2025-12-02 04:24:37

Submissão: 01/11/2025

Autores

Lucas da Silva Corrêa

Curriculo do autor: Graduando de Educação Física

Insira o texto exatamente como deseja que apareça na sua declaração. Se for aprovado pela revista, sua declaração sairá conforme pré-visualização abaixo

Resumo

A comunicação entre profissionais da saúde constitui um fator crítico para a qualidade da assistência, a segurança do paciente e o funcionamento eficiente das equipes. Este artigo analisa os riscos associados à comunicação inadequada entre diferentes profissões da saúde, destacando implicações clínicas, éticas e organizacionais. A partir de revisão de literatura, verificam-se que falhas comunicacionais, sejam verbais, não verbais ou tecnológicas, podem ocasionar erros de cuidado, interrupções na continuidade assistencial e deterioração do ambiente de trabalho.

Palavras-Chave

comunicação em saúde. equipe multiprofissional. segurança do paciente. barreiras de comunicação.

Abstract

Communication among healthcare professionals is a critical factor for the quality of care, patient safety, and the efficient functioning of teams. This article analyzes the risks associated with inadequate communication between different healthcare professions, highlighting clinical, ethical, and organizational implications. Based on a literature review, it is found that communication failures, whether verbal, nonverbal, or technological, can lead to care errors, interruptions in continuity of care, and deterioration of the work environment.

Keywords

Communication in healthcare. Multidisciplinary team. Patient safety. Communication barriers.

1 INTRODUÇÃO

A comunicação eficaz é fundamental no âmbito dos cuidados em saúde, pois permite a articulação de saberes, a coordenação de ações e a construção de significados compartilhados entre os profissionais. Conforme destaca Aguiar (2025, p. 3), “o relato traz […] a importância do aprimoramento contínuo e instrumentalização pedagógica dos técnicos em enfermagem, utilizando de recursos tecnológicos na prática da profissão”.

Entretanto, observa-se que ainda persistem falhas comunicacionais entre os membros das equipes de saúde, o que coloca em risco a qualidade do cuidado. A identificação e análise desses riscos são relevantes para promover intervenções que assegurem a integração eficaz entre profissões distintas no ambiente da saúde.

2 COMUNICAÇÃO E SUAS DIMENSÕES NO CONTEXTO DA SAÚDE

A comunicação no ambiente das profissões da saúde não se limita à linguagem verbal ou escrita. Inclui também a comunicação não verbal, que complementa ou até substitui a comunicação verbal. Segundo Ramos e Bortagarai (2012, p. 165), “a comunicação não-verbal completa, contradiz ou substitui a comunicação verbal”.

As autoras salientam que, apesar da relevância deste tipo de comunicação para humanizar o atendimento, “diversos profissionais da saúde e estudantes dessa área demonstraram pouco conhecimento acadêmico e profissional sobre essa forma de comunicação” (RAMOS; BORTAGARAI, 2012, p. 166).

No plano tecnológico e linguístico-técnico, Aguiar (2025, p. 4) afirma que, em um contexto marcado pela sociedade da informação, “os membros […] precisam também do letramento tecnológico”. Tal aspecto revela que a comunicação entre profissionais de saúde exige domínio tanto de linguagens técnicas como de ferramentas tecnológicas, para garantir clareza, precisão e eficácia.

3 BARREIRAS E RISCOS DA MÁ COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Diversos fatores podem atuar como barreiras à comunicação entre os profissionais da saúde. Em estudo qualitativo realizado com profissionais de uma equipe hospitalar pediátrica, Witiski e colaboradores (2019, p. 4) identificaram que as principais barreiras incluíam “falta de comunicação, interrupção da comunicação antes que a mensagem chegasse ao destino, falta de interesse do receptor, sobrecarga de trabalho e de informações, não adequação da linguagem e problemas técnicos com o meio de comunicação utilizado”.

Estas falhas comunicacionais podem gerar consequências graves, como descontinuidade no cuidado, erros assistenciais, duplicidade de procedimentos ou até omissões. A falta de adequação da linguagem, por exemplo, entre técnicos, enfermeiros, médicos e outros profissionais, pode dificultar a troca de informações essenciais para o cuidado integrado.

Além disso, a comunicação interna organizacional tem papel relevante para o bom funcionamento das equipes. Conforme Melo (2006, p. 2), “a comunicação interna é o elemento que sustenta a coesão e o comprometimento organizacional; sua ausência ou deficiência pode gerar desmotivação, conflitos e perda de produtividade”. Essa deficiência torna-se ainda mais crítica em ambientes multiprofissionais.

Portanto, os riscos da má comunicação entre profissões da saúde manifestam-se em três grandes frentes: (1) segurança do paciente, com possibilidade de erro, dano ou sofrimento desnecessário; (2) eficiência e continuidade do cuidado, com atrasos, duplicidades e falhas de coordenação; e (3) clima organizacional e bem-estar dos profissionais, resultando em conflitos, desmotivação e desgaste.

4 ESTRATÉGIAS PARA MITIGAR OS RISCOS COMUNICACIONAIS

Para minimizar os riscos apresentados, recomenda-se adotar uma série de estratégias:

a) Treinamentos em comunicação interpessoal e não verbal, promovendo a consciência dos componentes não falados da comunicação, conforme apontado por Ramos e Bortagarai (2012).b) Reuniões multiprofissionais regulares e uso de protocolos padronizados de linguagem e registro, para tornar as informações acessíveis e compreensíveis a todos os profissionais, conforme evidenciado por Witiski et al. (2019).c) Investimento em letramento tecnológico e linguístico-técnico (AGUIAR, 2025), assegurando que as ferramentas de comunicação, como registros eletrônicos e sistemas de plantão, sejam utilizadas com eficácia.d) Fortalecimento da comunicação interna institucional, promovendo cultura de compartilhamento, feedback e melhoria contínua, conforme a abordagem de Pontes Chaves de Melo (2006).

5 CONCLUSÃO

Uma comunicação inadequada entre as profissões da saúde constitui um risco significativo para o cuidado seguro, eficiente e humano. A partir das evidências revisadas, fica claro que a comunicação no contexto das equipes de saúde não é apenas transmissão de dados, mas envolve interpretação, clareza, domínio técnico, linguagem comum e uso apropriado de ferramentas tecnológicas.

Portanto, instituições de saúde e programas de formação profissional precisam assumir a comunicação como competência estratégica, promovendo instrumentos, treinamentos e cultura que favoreçam a integração, o respeito entre profissões e o foco no paciente.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Douglas Ferreira. Linguagens e tecnologias: a importância de uma boa comunicação no nível técnico / Languages and technologies: the importance of good communication at the technical level. Revista Di Fatto, Ciências Humanas, Linguística, Joinville-SC, ano 2025, n. 4. DOI 10.5281/zenodo.15012144. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/linguagens-e-tecnologias-a-importancia-de-uma-boa-comunicacao-no-nivel-tecnico-languages-and-technologies-the-importance-of-good-communication-at-the-technical-level/. Acesso em: 1 nov. 2025.

PONTES CHAVES DE MELO, Vanêssa. Comunicação interna e sua importância nas organizações. Tecitura, v. 1, n. 1, 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/download/59399892/A_comunicacao_interna_e_sua_importancia_nas_empresas20190526-2873-1h056qh.pdf.

RAMOS, Ana Paula; BORTAGARAI, Francine Manara. A comunicação não-verbal na área da saúde. Revista CEFAC, v. 14, p. 164-170, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/tvhH9gHRSnzJVkR76pmn6VL/?format=pdf&lang=pt.

WITISKI, Mateus; MAKUCH, Débora Maria Vargas; ROZIN, Leandro; MATIA, Graciele de. Barreiras de comunicação: percepção da equipe de saúde. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 18, n. 3, p. 1-10, 2019. DOI: 10.4025/ciencuidsaude.v18i3.46988.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

CORRÊA, Lucas da Silva. Os riscos de uma má comunicação entre as profissões da saúde. Revista Di Fatto, Ciências da Saúde, Saúde Pública, ISSN 2966-4527, DOI 10.5281/zenodo.17787280, Joinville-SC, ano 2025, n. 5, aprovado e publicado em 02/12/2025. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/os-riscos-de-uma-ma-comunicacao-entre-as-profissoes-da-saude/. Acesso em: 13/12/2025.