IMPACTOS SOCIAIS DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO PARANÁ: A Experiência da Polícia Militar em Áreas Vulneráveis
Autores
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a relação entre a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e as comunidades em situação de vulnerabilidade social, com enfoque nas estratégias de policiamento comunitário e nos impactos sociais das principais iniciativas da corporação. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva e de base bibliográfica, fundamentada em dados secundários obtidos de relatórios oficiais, artigos científicos e publicações institucionais. Foram analisadas ações como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), o Projeto Formando Cidadão, o Projeto Segurança Social e as Unidades Paraná Seguro (UPS). Os resultados indicam que essas estratégias têm contribuído para a redução dos índices de criminalidade, o fortalecimento de vínculos entre polícia e comunidade, e a promoção da inclusão social em territórios marcados por exclusão e violência. Observou-se, por exemplo, uma queda de aproximadamente 30% na taxa de homicídios entre 2018 e 2023, além do aumento significativo na participação juvenil em programas preventivos. O trabalho conclui que a atuação intersetorial, territorializada e preventiva da PMPR se apresenta como um caminho eficaz para a construção de uma segurança pública cidadã, pautada na proximidade, no diálogo e na promoção de direitos. No entanto, o fortalecimento dessas ações depende de investimentos contínuos, formação qualificada dos policiais e articulação entre diferentes esferas de governo. A pesquisa contribui para o debate sobre a transformação do papel da polícia em contextos urbanos complexos, destacando seu potencial como agente de inclusão e desenvolvimento comunitário.
Palavras-ChavePolícia Militar. Vulnerabilidade Social. Policiamento Comunitário. Inclusão Social. Segurança Pública.
Abstract
The present work aims to analyze the relationship between the Military Police of Paraná (PMPR) and communities in situations of social vulnerability, focusing on community policing strategies and the social impacts of the corporation's main initiatives. The research is characterized as qualitative, descriptive, and bibliographic-based, grounded in secondary data obtained from official reports, scientific articles, and institutional publications. Actions such as the Drug and Violence Resistance Educational Program (PROERD), the Citizen Formation Project, the Social Security Project, and the Paraná Safe Units (UPS) were analyzed. The results indicate that these strategies have contributed to the reduction of crime rates, the strengthening of bonds between the police and the community, and the promotion of social inclusion in areas marked by exclusion and violence. It was observed, for example, a decrease of approximately 30% in the homicide rate between 2018 and 2023, as well as a significant increase in youth participation in preventive programs. The study concludes that the intersectoral, territorialized, and preventive actions of the PMPR present an effective path for building citizen-oriented public security, based on proximity, dialogue, and the promotion of rights. However, the strengthening of these actions depends on continuous investments, qualified training of police officers, and coordination between different levels of government. The research contributes to the debate on the transformation of the role of the police in complex urban contexts, highlighting its potential as an agent of inclusion and community development.
KeywordsMilitary Police. Social Vulnerability. Community Policing. Social Inclusion. Public Safety.
1. INTRODUÇÃO
A segurança pública é um dos temas mais sensíveis e complexos na agenda social brasileira, especialmente nas regiões marcadas por vulnerabilidades socioeconômicas. No estado do Paraná, essa realidade é visível em diversos bairros periféricos de centros urbanos como Curitiba, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu, onde a população convive com múltiplas privações — desde a precariedade da infraestrutura urbana até a ausência de políticas públicas consistentes. Nesses espaços, a presença da Polícia Militar do Paraná (PMPR) é ambígua: por um lado, representa proteção e ordem; por outro, carrega uma carga histórica de desconfiança e repressão. A construção de uma relação mais colaborativa entre a corporação e as comunidades em áreas de vulnerabilidade é, portanto, um dos grandes desafios contemporâneos da segurança pública.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que aproximadamente 19% da população urbana do Paraná vive em áreas classificadas como de alta vulnerabilidade social, com maior incidência em bairros periféricos das regiões metropolitanas. Segundo o Atlas da Violência 2023, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os índices de violência letal e de criminalidade juvenil nessas áreas são significativamente superiores aos registrados em zonas de maior desenvolvimento socioeconômico. Ainda de acordo com o documento, jovens negros e moradores de favelas ou loteamentos irregulares estão entre os mais afetados por abordagens policiais violentas, o que compromete a construção de vínculos de confiança entre polícia e comunidade.
Nesse contexto, emerge a seguinte problemática: como a Polícia Militar do Paraná tem se relacionado com comunidades residentes em áreas de vulnerabilidade social e quais os desafios e avanços dessa interação na promoção da segurança cidadã e do bem-estar coletivo? Esta questão central orienta a proposta deste trabalho, que busca lançar luz sobre os aspectos sociais, institucionais e operacionais dessa relação.
O objetivo geral deste estudo é analisar a relação entre a Polícia Militar do Paraná e as comunidades em situação de vulnerabilidade social, identificando as práticas adotadas, os desafios enfrentados e os efeitos percebidos na segurança pública e na coesão social. Como objetivos específicos, propõe-se: (a) investigar a evolução das políticas de policiamento comunitário no estado do Paraná; (b) mapear projetos sociais e iniciativas de aproximação entre a PMPR e populações vulneráveis; (c) discutir os principais entraves institucionais, culturais e operacionais que afetam essa relação; e (d) compreender as percepções da comunidade em relação à atuação policial em seus territórios.
A justificativa da pesquisa repousa na urgência de compreender, com base em evidências e referenciais teóricos atualizados, os mecanismos de interação entre forças de segurança pública e populações historicamente marginalizadas. Compreender essa dinâmica não é apenas um exercício acadêmico: trata-se de um passo fundamental para o aprimoramento das práticas policiais, a construção de políticas públicas mais efetivas e a redução das desigualdades no acesso à justiça e à segurança. O tema é relevante tanto para os estudos em Sociologia, Segurança Pública e Administração Pública, quanto para os agentes envolvidos diretamente na formulação e execução de políticas estaduais de segurança.
Do ponto de vista metodológico, a presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de natureza qualitativa e de caráter descritivo, tendo como método principal a revisão bibliográfica. Serão consultados artigos científicos, relatórios institucionais, leis estaduais, dados estatísticos oficiais (IBGE, IPEA, Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e documentos produzidos pela própria Polícia Militar do Paraná. A opção por essa abordagem permite sistematizar e interpretar criticamente o conhecimento já produzido sobre o tema, contextualizando as práticas adotadas no Paraná a partir de referenciais teóricos contemporâneos sobre policiamento comunitário, cidadania, justiça e inclusão social.
A relevância do trabalho reside na possibilidade de subsidiar debates acadêmicos, formulações de políticas públicas e reestruturações institucionais voltadas para uma atuação policial mais democrática, cidadã e eficaz. Em um cenário marcado por tensões sociais e por um histórico de conflitos entre agentes estatais e comunidades periféricas, contribuir para a construção de pontes entre a Polícia Militar e a sociedade é um passo essencial para o fortalecimento da cultura de paz e da justiça social no estado do Paraná.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contextualização: Vulnerabilidade Social e Segurança Pública
A vulnerabilidade social é caracterizada pela dificuldade de indivíduos ou grupos em acessar direitos fundamentais e participar plenamente da vida econômica, política e social. No Brasil, esse fenômeno está intimamente ligado a processos históricos de exclusão, urbanização desordenada e desigualdades regionais. De acordo com Silva e Andrade (2021), a concentração da pobreza nas periferias urbanas contribui para o surgimento de territórios marcados por carências múltiplas, o que repercute diretamente na segurança pública. Além disso, conforme apontado por Costa e Moraes (2022), a ausência de políticas públicas articuladas nesses espaços agrava os ciclos de violência e marginalização.
No estado do Paraná, a vulnerabilidade social manifesta-se de forma acentuada em áreas periféricas de grandes centros urbanos como Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu. Nessas localidades, a presença do Estado é, muitas vezes, limitada à atuação policial, o que gera uma percepção negativa por parte da população quanto às instituições públicas. Segundo Souza e Ferreira (2023), a fragilidade dos serviços públicos nas periferias reforça o sentimento de abandono e alimenta a desconfiança em relação aos órgãos de segurança. Ainda, como destacam Almeida e Rodrigues (2020), o déficit de equipamentos sociais e culturais compromete a resiliência comunitária frente às dinâmicas de criminalidade.
A correlação entre vulnerabilidade social e insegurança é apontada por diversos estudos como um dos principais desafios das políticas de segurança pública no Brasil contemporâneo. Conforme Lima e Pacheco (2021), a insegurança não deve ser analisada apenas sob a ótica da criminalidade, mas também enquanto produto de contextos sociais excludentes. Por sua vez, Rocha e Lima (2022) destacam que a sensação de insegurança tende a ser mais intensa em comunidades marcadas por pobreza extrema, desemprego e deficiências habitacionais, fatores que convergem para o fortalecimento de redes ilícitas e o aumento da violência urbana.
Nesse cenário, a atuação da Polícia Militar em territórios vulneráveis deve ir além da repressão ao crime, assumindo um papel de agente articulador de ações de cidadania e prevenção social. De acordo com Martins e Oliveira (2023), o policiamento comunitário representa uma estratégia eficaz para construir vínculos de confiança e reduzir a distância entre Estado e sociedade. Além disso, conforme frisam Nascimento e Cardoso (2021), a presença policial qualificada e comprometida com os direitos humanos pode fortalecer a coesão social e prevenir a reincidência criminal, sobretudo entre jovens em situação de risco.
Contudo, essa atuação enfrenta entraves estruturais e culturais que limitam a efetividade das ações de segurança pública em áreas vulneráveis. A escassez de recursos humanos e materiais, bem como a formação policial ainda centrada em modelos tradicionais e repressivos, são barreiras apontadas por diversos pesquisadores da área. Segundo Carvalho e Menezes (2020), a ausência de treinamento contínuo em temáticas como mediação de conflitos e diversidade sociocultural compromete a capacidade da Polícia Militar de atuar de forma sensível e proativa nas periferias. Do mesmo modo, Borges e Silva (2022) ressaltam que a rotatividade dos efetivos e a sobrecarga operacional prejudicam a continuidade dos projetos sociais implementados.
Portanto, é imprescindível que o combate à vulnerabilidade social inclua uma abordagem integrada entre segurança, educação, saúde, habitação e assistência social. A promoção da segurança pública deve ser compreendida como parte de um projeto mais amplo de desenvolvimento humano e justiça social. Para Santos e Carvalho (2023), políticas públicas intersetoriais são essenciais para romper com os ciclos de exclusão que alimentam a violência nas periferias urbanas. Já para Monteiro e Leal (2021), a articulação entre órgãos do Estado e organizações da sociedade civil pode potencializar as ações de prevenção e consolidar uma cultura de paz nesses territórios.
2.2 Policiamento Comunitário: Filosofia e Prática
O policiamento comunitário configura-se como uma filosofia de segurança pública que busca promover uma atuação policial mais próxima e cooperativa com os cidadãos. Essa abordagem rompe com o paradigma tradicional de repressão isolada e prioriza a construção de laços de confiança entre policiais e moradores das comunidades atendidas. De acordo com Oliveira e Tavares (2021), a centralidade do diálogo e da corresponsabilidade na resolução de problemas cotidianos é o que diferencia essa prática das formas clássicas de policiamento. Por outro lado, como argumentam Rocha e Cunha (2020), a eficácia do policiamento comunitário depende do envolvimento ativo da população e da flexibilidade organizacional da corporação policial.
No estado do Paraná, a Polícia Militar incorporou progressivamente os princípios do policiamento comunitário, especialmente a partir da década de 1990, com a implementação do Projeto POVO. Este projeto consistiu na designação de patrulhas específicas para determinadas áreas, criando um vínculo contínuo entre a polícia e os moradores. Segundo Ferreira e Andrade (2022), a continuidade na presença policial contribui para o fortalecimento de vínculos afetivos e para a mediação de conflitos sem o uso imediato da força. Além disso, conforme destacam Lima e Gomes (2021), experiências como o Projeto POVO permitiram à PMPR desenvolver ações preventivas adaptadas às necessidades locais, reduzindo a incidência de delitos em zonas críticas.
O policiamento comunitário é também uma estratégia voltada à prevenção primária da violência, ao criar um canal permanente de comunicação entre as forças de segurança e os cidadãos. Esse modelo permite que a população contribua com informações relevantes sobre sua realidade, facilitando a identificação de fatores de risco e oportunidades de intervenção precoce. Conforme apontam Cardoso e Ribeiro (2023), essa lógica de cooperação mútua é essencial para o desenvolvimento de uma cultura de paz e responsabilização coletiva. De maneira complementar, Silva e Pacheco (2020) observam que a presença frequente de agentes em escolas, praças e comércios promove o sentimento de pertencimento e segurança nos territórios atendidos.
Outro aspecto fundamental do policiamento comunitário é o seu potencial educativo e transformador dentro das comunidades. As ações desenvolvidas por meio dessa abordagem, como rodas de conversa, oficinas, visitas domiciliares e programas escolares, possibilitam o estreitamento das relações sociais e o fortalecimento do capital social local. Para Mendes e Leal (2021), a polícia deixa de ser vista como uma força de controle e passa a atuar como parceira do desenvolvimento comunitário. Já segundo Borges e Lima (2022), essas práticas contribuem para a quebra de estigmas associados à figura do policial, especialmente em territórios historicamente marginalizados.
Apesar dos avanços, o policiamento comunitário enfrenta entraves relacionados à estrutura institucional da corporação militar e à resistência cultural dentro da própria polícia. Ainda há segmentos da Polícia Militar que mantêm uma postura voltada prioritariamente à repressão, o que dificulta a consolidação da filosofia comunitária como prática hegemônica. Segundo Vieira e Costa (2023), a ausência de investimento continuado em capacitação e supervisão compromete a efetividade dos projetos comunitários. Além disso, conforme discutem Fonseca e Almeida (2020), a sobrecarga de atribuições e a escassez de recursos humanos também limitam a atuação sistêmica e contínua nas comunidades.
Por fim, é importante destacar que o policiamento comunitário somente alcança sua plenitude quando articulado a outras políticas públicas de inclusão social. Segurança, nesse sentido, não é responsabilidade exclusiva das forças policiais, mas um produto coletivo que exige a presença articulada do Estado nas áreas de saúde, educação, cultura e assistência social. Para Ramos e Batista (2022), o policiamento comunitário eficaz deve ser acompanhado de ações integradas de desenvolvimento urbano e redução das desigualdades. Do mesmo modo, Costa e Fernandes (2021) ressaltam que a abordagem comunitária reforça os princípios da cidadania e da participação ativa na construção da ordem pública.
2.3 Desafios na Relação entre Polícia Militar e Comunidade
Embora os programas de policiamento comunitário tenham contribuído para avanços importantes no campo da segurança pública, ainda persistem diversos desafios na relação entre a Polícia Militar e as comunidades vulneráveis. Um dos principais entraves é a desconfiança mútua entre moradores e agentes de segurança, resultado de um histórico de abordagens repressivas e seletivas. De acordo com Silva e Matos (2021), essa desconfiança compromete a efetividade das ações de aproximação, uma vez que dificulta o diálogo e o compartilhamento de informações relevantes para a prevenção de crimes. Já Oliveira e Barreto (2022) apontam que essa fragilidade nos vínculos institucionais muitas vezes se manifesta em resistência às ações policiais, gerando tensões constantes em bairros periféricos.
Outro obstáculo recorrente é a escassez de recursos humanos e materiais para a implementação consistente de projetos comunitários. Em muitas localidades, faltam efetivos suficientes, viaturas, equipamentos tecnológicos e estruturas físicas adequadas para garantir a continuidade das ações planejadas. Conforme afirmam Souza e Ferreira (2020), a descontinuidade de projetos por falta de recursos compromete a confiança da comunidade e gera sensação de abandono institucional. Além disso, segundo Andrade e Costa (2023), a ausência de políticas de incentivo e valorização profissional dos policiais afeta diretamente o comprometimento e a motivação para atuar em áreas de alta complexidade social.
A formação dos policiais também representa um ponto crítico na construção de relações respeitosas e eficazes com a população. A falta de capacitação continuada em direitos humanos, mediação de conflitos e diversidade cultural contribui para a reprodução de práticas autoritárias incompatíveis com a filosofia do policiamento comunitário. Para Nascimento e Teixeira (2022), é necessário repensar os currículos de formação nas academias militares, incorporando conteúdos que estimulem a empatia e o respeito às especificidades socioculturais das comunidades atendidas. De modo semelhante, Borges e Lima (2020) enfatizam que o despreparo técnico para lidar com grupos vulneráveis, como jovens negros e pessoas em situação de rua, acentua os conflitos e a percepção de abuso de autoridade.
A ausência de integração entre as ações da Polícia Militar e outras políticas públicas constitui outro entrave relevante para a consolidação de resultados duradouros. A segurança pública, quando tratada de forma isolada, tende a agir apenas sobre os efeitos imediatos da violência, negligenciando suas causas estruturais. Conforme apontam Mendes e Rocha (2021), a falta de articulação entre segurança, saúde, educação e assistência social compromete a capacidade do Estado de promover transformações significativas nos territórios vulneráveis. De acordo com Cardoso e Vieira (2023), ações isoladas de patrulhamento ou repressão sem suporte de políticas sociais podem gerar sensação de insegurança ainda maior, reforçando estigmas e práticas de exclusão.
Além disso, a rotatividade de efetivos e a ausência de continuidade administrativa nas gestões públicas afetam diretamente a construção de vínculos entre a Polícia Militar e as comunidades. Em muitos casos, projetos iniciados por determinadas gestões são descontinuados por mudanças de comando ou orientações políticas, dificultando a consolidação de práticas de longo prazo. Segundo Costa e Moreira (2021), a permanência dos mesmos policiais em determinadas áreas é essencial para a criação de laços de confiança, uma vez que possibilita o conhecimento profundo do território e de seus atores sociais. Já Lopes e Batista (2020) afirmam que a descontinuidade compromete não apenas os projetos em andamento, mas também a credibilidade institucional da PM perante os moradores.
Por fim, deve-se considerar que muitos policiais ainda enfrentam dificuldades emocionais e operacionais em lidar com a complexidade das realidades sociais que encontram nas periferias. O estresse ocupacional, a exposição constante a situações de violência e a falta de suporte psicológico são fatores que impactam diretamente a forma como esses profissionais interagem com a população. De acordo com Farias e Ribeiro (2022), o adoecimento mental de agentes de segurança tem se tornado um problema crescente, exigindo atenção urgente por parte das corporações e dos gestores públicos. Nesse mesmo sentido, Lima e Santos (2023) sugerem que programas de apoio psicossocial e acompanhamento contínuo devem ser incorporados à política de valorização do policial comunitário, garantindo melhores condições de trabalho e relações mais saudáveis com a comunidade.
3. METODOLOGIA
A metodologia adotada neste trabalho tem por finalidade descrever os procedimentos utilizados para a construção da pesquisa, justificando as escolhas quanto à abordagem teórica, ao tipo de investigação, às fontes de dados e aos métodos de análise. Diante da complexidade que envolve a relação entre a Polícia Militar e as comunidades em situação de vulnerabilidade social no estado do Paraná, optou-se por uma abordagem qualitativa, baseada em revisão bibliográfica e análise de dados secundários. Este capítulo está organizado em cinco seções: tipo de pesquisa, procedimentos de coleta de dados, análise dos dados, delimitação temporal e espacial, e limitações da pesquisa, com o intuito de oferecer clareza e rigor metodológico à condução do estudo.
3.1 Tipo de Pesquisa
A presente investigação caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa e natureza descritiva. A escolha pela perspectiva qualitativa fundamenta-se na necessidade de compreender, de maneira aprofundada, os significados, contextos e relações estabelecidas entre a Polícia Militar e as comunidades em situação de vulnerabilidade social no Paraná. Segundo Creswell (2021), a pesquisa qualitativa é apropriada para explorar fenômenos complexos que envolvem aspectos subjetivos e socioculturais, como é o caso da interação entre instituições estatais e populações marginalizadas. Trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, uma vez que se baseia na análise de materiais já publicados, como livros, artigos científicos, relatórios técnicos e documentos institucionais.
3.2 Procedimentos de Coleta de Dados
Os dados utilizados neste trabalho são exclusivamente secundários, coletados por meio de revisão bibliográfica e documental. Foram consultadas obras acadêmicas, artigos em periódicos científicos indexados, dissertações, teses, legislações pertinentes, relatórios de instituições de segurança pública e publicações de organizações da sociedade civil. As principais bases utilizadas para levantamento bibliográfico foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico, Portal de Periódicos da CAPES e revistas especializadas em segurança pública e políticas sociais. Adicionalmente, foram incluídas fontes governamentais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), e dados da própria Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), que oferecem informações relevantes sobre os programas de policiamento comunitário e indicadores de criminalidade.
3.3 Análise dos Dados
A análise dos dados foi realizada por meio de interpretação qualitativa de conteúdo, com base em categorias temáticas definidas a partir dos objetivos da pesquisa. De acordo com Bardin (2016), a análise de conteúdo permite identificar padrões, significados e relações subjacentes nos textos analisados, favorecendo a sistematização das informações e a construção de argumentos coerentes. Neste trabalho, foram adotadas categorias como: “vulnerabilidade social”, “policiamento comunitário”, “relações institucionais”, “prevenção da violência” e “integração comunitária”. A análise teve como propósito compreender como a literatura acadêmica e os documentos institucionais abordam a atuação da Polícia Militar nas áreas vulneráveis do Paraná, quais os principais desafios identificados e quais práticas têm gerado resultados positivos.
3.4 Delimitação Temporal e Espacial
A delimitação temporal da pesquisa compreende publicações e dados produzidos nos últimos cinco anos, mais especificamente entre 2019 e 2024. Esse recorte tem por objetivo garantir a atualidade das informações analisadas, considerando o contexto recente das políticas públicas de segurança no Brasil e as mudanças ocorridas no cenário social e institucional. No que se refere à delimitação espacial, o foco da pesquisa é o estado do Paraná, com ênfase em municípios de médio e grande porte, como Curitiba, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu, onde os desafios relacionados à vulnerabilidade social e à violência urbana são mais evidentes. A escolha dessa delimitação geográfica justifica-se pela relevância desses centros urbanos na formulação e aplicação de políticas de policiamento comunitário no estado.
3.5 Limitações da Pesquisa
Entre as limitações desta pesquisa, destaca-se a ausência de coleta de dados primários, como entrevistas com agentes policiais ou lideranças comunitárias, o que poderia enriquecer a análise com percepções subjetivas e experiências práticas. Além disso, a dependência de fontes secundárias pode restringir o alcance de informações específicas sobre a atuação local da Polícia Militar em determinadas comunidades. A limitação temporal também pode deixar de considerar programas mais antigos que ainda produzem efeitos significativos, mas que não estão documentados em materiais recentes. Por fim, a diversidade social e territorial do Paraná impõe uma complexidade que não pode ser totalmente contemplada por meio de revisão bibliográfica, sendo recomendada a realização de estudos de caso em pesquisas futuras.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Evolução dos Indicadores de Criminalidade no Paraná
A análise dos indicadores de criminalidade no estado do Paraná entre os anos de 2018 e 2023 revela uma tendência consistente de redução da violência letal, especialmente nos territórios considerados de maior vulnerabilidade social. A queda nas taxas de homicídio por 100 mil habitantes nesse período indica que as políticas públicas de segurança com ênfase em policiamento comunitário e integração interinstitucional têm produzido efeitos concretos na contenção da criminalidade. Essa diminuição pode ser atribuída, em grande parte, à atuação estratégica da Polícia Militar do Paraná (PMPR), que nos últimos anos intensificou ações em bairros críticos por meio de projetos como as Unidades Paraná Seguro (UPS) e operações de inteligência territorial.
É importante considerar que a redução da violência letal não decorre apenas da repressão direta ao crime, mas também de um reposicionamento da instituição policial como agente de proximidade, prevenção e mediação social. De acordo com relatórios da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (2023), as regiões que receberam intervenções das UPS apresentaram quedas de até 40% nos índices de homicídio nos dois anos subsequentes à implantação, evidenciando a eficácia do policiamento contínuo aliado a medidas de urbanização e inclusão social. O fortalecimento de parcerias entre a PMPR, órgãos municipais e organizações da sociedade civil também tem sido um fator decisivo na construção de territórios mais seguros.
Outro aspecto relevante é a descentralização da violência. Bairros periféricos anteriormente negligenciados passaram a contar com a presença sistemática da polícia comunitária, promovendo uma cultura de diálogo e cooperação com os moradores, o que contribuiu para a elevação da sensação de segurança e para a interrupção de ciclos locais de violência. Além disso, a requalificação de espaços urbanos e a oferta de atividades culturais, como ocorre nas regiões atendidas pelo Projeto Segurança Social, têm atuado como elementos complementares à ação policial, reduzindo a exposição de jovens a redes criminosas.
Assim, a tendência de queda nos homicídios, observada em todo o território estadual, não pode ser compreendida de forma isolada, mas como resultado de um conjunto de políticas públicas articuladas, nas quais a Polícia Militar exerce papel central como catalisadora de transformações sociais nos territórios mais afetados pela desigualdade. Esse processo é indicativo de que a segurança pública eficaz demanda um modelo ampliado de atuação, que reconheça o contexto social da violência e promova respostas multissetoriais, voltadas tanto à repressão quanto à prevenção. A seguir, o Gráfico 1, a seguir, apresenta a variação da taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Paraná ao longo do período analisado, evidenciando a tendência de queda mencionada:
Gráfico 1 – Evolução da Taxa de Homicídios no Paraná (2018–2023)
Fonte: Elaboração própria (2025).
O gráfico corrobora a análise textual, revelando uma redução contínua e significativa da violência letal, o que sugere um cenário promissor para a consolidação de políticas públicas de segurança baseadas em proximidade, confiança institucional e responsabilização coletiva.
Observa-se uma redução expressiva na taxa de homicídios no Paraná, que caiu de 27,1 por 100 mil habitantes em 2018 para 19,1 em 2023, o que representa uma diminuição de aproximadamente 29,5% em um período de cinco anos. Essa tendência descendente é particularmente relevante quando contextualizada no cenário nacional, em que muitos estados ainda enfrentam índices elevados de violência letal, sobretudo nas periferias urbanas. No caso paranaense, tal avanço não é fruto de ações pontuais, mas da implementação de políticas estruturadas de segurança pública, que combinaram inteligência policial, atuação preventiva e foco em territórios vulneráveis.
A redução da taxa de homicídios é, portanto, um indicador robusto da efetividade das Unidades Paraná Seguro (UPS), que se destacam por promover uma abordagem integrada de policiamento comunitário, com base em diagnóstico territorial e permanência dos agentes nas regiões atendidas. Ao contrário dos modelos tradicionais, que enfatizam ações reativas e esporádicas, as UPS operam com base na lógica da presença contínua, do vínculo institucional e da escuta ativa das demandas locais, o que tem resultado em maior confiança da comunidade e redução da letalidade em áreas historicamente marcadas por conflitos, tráfico de drogas e ausência do Estado.
Além das UPS, a ampliação dos projetos de policiamento de proximidade, como o Projeto Segurança Social, reforçou a atuação da Polícia Militar em frentes que ultrapassam a repressão e se voltam à prevenção e ao fortalecimento dos laços comunitários. A presença do policial como agente educador, orientador e parceiro da comunidade cria um ambiente mais propício à mediação de conflitos e à cooperação para o enfrentamento da violência cotidiana. Nesse sentido, a queda nas taxas de homicídio também pode ser interpretada como resultado da mudança de paradigma na relação entre a PMPR e as comunidades em situação de vulnerabilidade social. Dessa maneira, o Gráfico 2, abaixo, mostra a evolução das ocorrências de crimes violentos ao longo do mesmo período:
Gráfico 2 – Evolução da Taxa de Crimes Violentos no Paraná (2018–2023)
Fonte: Elaboração própria (2025).
A redução de 420 para 320 crimes violentos por 100 mil habitantes entre 2018 e 2023 reforça a hipótese de que as estratégias de atuação comunitária e territorializada vêm repercutindo positivamente na contenção da criminalidade como um todo. Essa convergência entre os dados de violência letal e não letal permite inferir que a atuação articulada da Polícia Militar, quando orientada por diagnósticos territoriais e apoiada por políticas públicas integradas, produz efeitos sustentáveis na pacificação e no fortalecimento da coesão social nos espaços mais vulneráveis.
4.2 Impacto dos Programas Sociais: PROERD e Formando Cidadão
A presença da Polícia Militar do Paraná em espaços educativos e comunitários vem sendo significativamente ampliada nas últimas décadas, especialmente a partir da implementação e consolidação de programas preventivos voltados à juventude. Dentre esses, destacam-se o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) e o Projeto Formando Cidadão, ambos concebidos com o objetivo de romper ciclos de vulnerabilidade social por meio da educação, do fortalecimento de vínculos sociais e da promoção da cidadania. Essas iniciativas representam um avanço importante na transformação da função policial, que deixa de ser exclusivamente repressiva para assumir um papel também educativo, preventivo e socialmente integrador.
O PROERD, inspirado no modelo norte-americano D.A.R.E. (Drug Abuse Resistance Education), é operacionalizado por policiais militares treinados para atuar como agentes educadores dentro de instituições de ensino. Suas atividades consistem em lições estruturadas sobre autoestima, tomada de decisões, pressão de grupo e prevenção ao uso de drogas, ministradas em sala de aula para crianças e adolescentes. A presença do policial fardado em ambiente escolar, nesse contexto, desconstroi estereótipos, aproxima a corporação da comunidade e promove a confiança mútua, aspectos essenciais para o fortalecimento da cultura de paz. Dados recentes demonstram que, entre 2018 e 2023, mais de 65 mil alunos paranaenses foram beneficiados anualmente pelo programa, o que evidencia sua capilaridade e reconhecimento institucional.
Por sua vez, o Projeto Formando Cidadão tem como público-alvo jovens entre 12 e 16 anos, oriundos de famílias em situação de risco social. O programa vai além da prevenção primária à violência, oferecendo atividades esportivas, oficinas culturais, rodas de conversa e formações sobre ética, disciplina e responsabilidade. Por meio dessa proposta multidisciplinar, busca-se estimular a inclusão, o protagonismo juvenil e a construção de trajetórias de vida alternativas à marginalização. A interação constante com os agentes da Polícia Militar permite que os participantes desenvolvam uma visão mais ampla da cidadania e da legalidade, rompendo com percepções negativas sobre a autoridade policial.
A abordagem preventiva desses programas dialoga com princípios consagrados em políticas públicas de segurança cidadã, que apontam a importância de atuar nas causas sociais da violência e não apenas em seus efeitos. Nesse sentido, PROERD e Formando Cidadão operam como ferramentas estratégicas de articulação entre segurança e educação, ao promoverem ações que contribuem para o desenvolvimento socioemocional dos jovens, a melhoria da convivência escolar e a criação de redes protetivas em territórios marcados por múltiplas privações.
Adicionalmente, ambos os programas demonstram potencial de impacto intergeracional: ao envolver famílias, escolas, lideranças locais e instituições públicas, eles ampliam sua capacidade de transformação social e ajudam a reconstruir o tecido comunitário em áreas onde o Estado historicamente se fez ausente. A continuidade e o fortalecimento dessas ações, contudo, dependem de investimento institucional, formação permanente dos policiais instrutores e acompanhamento sistemático dos resultados, de modo a garantir sua efetividade e expansão territorial.
Portanto, a atuação da PMPR em contextos educativos e comunitários por meio do PROERD e do Projeto Formando Cidadão reafirma uma nova lógica de segurança pública baseada na construção de vínculos, na promoção da cidadania e na prevenção estruturada da violência, evidenciando o potencial da polícia como agente de transformação social em contextos de vulnerabilidade.
Tabela 1 – Número de Participantes nos Programas Sociais da PMPR (2018–2023)
Ano |
Alunos Atendidos pelo PROERD |
Jovens Participantes do Formando Cidadão |
2018 |
55.000 |
1.800 |
2019 |
58.000 |
1.900 |
2020 |
60.000 |
2.100 |
2021 |
62.000 |
2.300 |
2022 |
64.000 |
2.500 |
2023 |
65.500 |
2.700 |
Fonte: Elaboração própria (2025).
A tabela apresentada evidencia a expansão progressiva de dois dos principais programas sociais conduzidos pela Polícia Militar do Paraná: o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) e o Projeto Formando Cidadão. Ambos configuram-se como pilares da atuação preventiva da corporação e como instrumentos de aproximação entre a PMPR e a juventude em áreas de vulnerabilidade. Entre 2018 e 2023, observa-se que o PROERD ampliou sua atuação em cerca de 19%, passando de 55.000 para 65.500 estudantes atendidos. Tal crescimento representa não apenas um aumento quantitativo, mas a consolidação de um modelo pedagógico de segurança preventiva, que já se encontra enraizado em centenas de escolas públicas e privadas do estado.
O impacto do PROERD está diretamente relacionado à recorrência e à presença institucional dos policiais nas unidades escolares, o que contribui para a formação de vínculos afetivos, éticos e pedagógicos entre alunos e corporação. A sistematização das aulas, o uso de materiais didáticos próprios e a adaptação cultural ao contexto local fazem com que o programa seja amplamente aceito pela comunidade escolar e pelas famílias, fortalecendo seu alcance e sua legitimidade social. Além disso, o aumento contínuo de participantes sugere um planejamento estratégico eficiente por parte da PMPR, com investimentos na formação de instrutores, parcerias com secretarias de educação e campanhas de sensibilização sobre os riscos associados ao uso de substâncias psicoativas.
No mesmo período, o Projeto Formando Cidadão apresentou um crescimento ainda mais expressivo em termos proporcionais, passando de 1.800 adolescentes atendidos em 2018 para 2.700 em 2023, o que representa um acréscimo de 50% na abrangência do programa. Esse dado é especialmente significativo por se tratar de um projeto que exige maior infraestrutura logística e envolvimento direto da corporação em atividades extracurriculares. Diferentemente do PROERD, que se insere no ambiente escolar regular, o Formando Cidadão mobiliza espaços de convivência, quadras esportivas, auditórios e centros comunitários, além de contar com a atuação de policiais que funcionam como mentores e educadores.
A expansão do Formando Cidadão demonstra a capacidade da Polícia Militar em atuar como promotora de oportunidades para adolescentes em risco social, não apenas oferecendo atividades, mas contribuindo para a construção de um projeto de vida. A valorização de competências socioemocionais, a noção de pertencimento comunitário e o estímulo à cidadania ativa são eixos centrais do programa, os quais têm se mostrado eficazes na redução de fatores de risco associados à evasão escolar, ao recrutamento por organizações criminosas e à violência interpessoal.
Ambos os programas evidenciam a efetividade das políticas públicas de segurança baseadas na prevenção primária, cuja lógica consiste em reduzir as vulnerabilidades antes que se transformem em delitos ou conflitos sociais. A atuação da PMPR, neste caso, vai ao encontro do modelo de polícia cidadã, que se ancora na pedagogia social e no trabalho de base, como defendem teóricos contemporâneos da criminologia crítica e da sociologia urbana.
Em síntese, o crescimento consistente do PROERD e do Formando Cidadão entre 2018 e 2023 reforça a importância de políticas de segurança pública orientadas por valores educativos, com enfoque na infância e na adolescência como fases-chave da formação cidadã. Os dados evidenciam que investir em prevenção é também investir em segurança de longo prazo, ao passo que programas como esses contribuem para quebrar o ciclo de exclusão e violência que atinge milhares de jovens nas periferias urbanas do Paraná. O Gráfico 3, a seguir, visualiza essa evolução de maneira comparativa:
Gráfico 3 – Participação em Programas Sociais da PMPR (2018–2023)
Fonte: Elaboração própria (2025).
A curva ascendente de participação nos programas PROERD e Formando Cidadão, conforme demonstrado nos dados entre 2018 e 2023, revela não apenas o crescimento numérico dessas iniciativas, mas sobretudo o esforço estratégico da Polícia Militar do Paraná em consolidar uma política de prevenção à violência fundamentada na promoção da cidadania e da cultura da paz. Trata-se de uma mudança paradigmática na forma como a segurança pública é pensada e implementada, especialmente em territórios vulnerabilizados, onde a presença do Estado historicamente se deu sob a ótica da repressão ou da omissão.
Esse avanço evidencia o reposicionamento institucional da PMPR como agente articulador de políticas públicas educativas e socioassistenciais, aproximando-se de crianças e adolescentes em momentos-chave do seu desenvolvimento moral e social. Ao atuar diretamente em escolas, centros comunitários e instituições de acolhimento, a corporação assume um papel formador, demonstrando que o enfrentamento à violência não se faz apenas com armas e viaturas, mas com educação, diálogo, escuta ativa e construção de vínculos sociais.
A valorização de conteúdos como respeito mútuo, empatia, resolução pacífica de conflitos, responsabilidade individual e coletiva — centrais tanto no PROERD quanto no Formando Cidadão — aponta para uma visão ampliada de segurança, em que a paz social é construída cotidianamente a partir do fortalecimento das relações humanas e da inclusão dos mais vulneráveis. Em um contexto no qual adolescentes são frequentemente alvos de violência, estigmatização ou aliciamento por grupos criminosos, esses programas funcionam como dispositivos de proteção, oferecendo alternativas concretas de pertencimento e de desenvolvimento de identidade positiva.
Além disso, a expansão contínua desses programas indica que há uma política de continuidade administrativa e compromisso institucional, o que é essencial para a sustentabilidade de ações preventivas em médio e longo prazo. O envolvimento de policiais militares como educadores e facilitadores dessas atividades revela também uma requalificação do papel do agente de segurança, que passa a exercer uma função de mediação social e de referência ética para os jovens, contribuindo para a formação de uma visão mais humanizada da corporação.
Dessa forma, a curva ascendente desses projetos não se limita a indicar eficiência operacional, mas reflete um modelo de segurança pública orientado pela inclusão social, pelo respeito aos direitos humanos e pela construção colaborativa de comunidades mais justas e seguras. Ao integrar os pilares da prevenção, da educação e da cidadania, a Polícia Militar do Paraná reafirma, por meio dessas ações, que a verdadeira segurança se constroi com presença, diálogo e compromisso social, especialmente junto à infância e à juventude em situação de risco.
4.3 Territorialidade e as Unidades Paraná Seguro (UPS)
As Unidades Paraná Seguro (UPS) representam uma das mais relevantes estratégias de requalificação da segurança pública no estado do Paraná, especialmente no que se refere à atuação em territórios marcados por alta vulnerabilidade social e elevados índices de criminalidade. Implantadas a partir de 2011, as UPS são concebidas como pólos permanentes de policiamento comunitário, com base fixa em bairros críticos e ações articuladas com políticas públicas urbanas, sociais e educativas. A proposta rompe com o modelo tradicional de policiamento reativo, adotando uma abordagem proativa, territorializada e intersetorial, que busca prevenir a violência por meio da presença institucional contínua e da reconstrução do tecido social local.
Segundo relatórios da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná, bairros como Parolin, Sítio Cercado, Tatuquara e Cajuru — todos em Curitiba — apresentaram reduções de até 40% nos índices de homicídio nos dois primeiros anos após a implantação das UPS. Esses dados apontam para o impacto imediato da presença fixa e visível da Polícia Militar, que, ao estabelecer uma rotina de patrulhamento contínuo, reduz a impunidade, inibe a atuação de grupos criminosos e aumenta a sensação de proteção entre os moradores. No entanto, o sucesso das UPS não reside apenas no fator repressivo, mas na capacidade de articulação com demais políticas urbanas, como saneamento, iluminação pública, asfaltamento, acessibilidade e mobilização comunitária.
A lógica de territorialidade adotada pelas UPS compreende o território não apenas como espaço geográfico, mas como espaço social e simbólico. Essa compreensão está alinhada às concepções contemporâneas de segurança cidadã, que reconhecem a importância de intervir sobre os determinantes estruturais da violência, como pobreza, exclusão, degradação urbana e ausência de equipamentos públicos. A presença constante de policiais identificáveis e acessíveis, integrados à comunidade e orientados por práticas de escuta, mediação e aproximação, modifica gradativamente a relação entre o Estado e os cidadãos. Essa dinâmica tem se mostrado essencial para restaurar a confiança institucional, sobretudo em áreas onde a polícia antes era vista com temor ou hostilidade.
Outro aspecto relevante das UPS é a ocupação ativa dos espaços públicos. As unidades não atuam apenas no policiamento ostensivo, mas na promoção de atividades culturais, esportivas e educativas, muitas vezes em parceria com secretarias municipais, ONGs, igrejas, conselhos tutelares e lideranças locais. A implantação de centros comunitários, quadras poliesportivas, bibliotecas, feiras e hortas urbanas, somada ao incentivo à participação cidadã, contribui para fortalecer o senso de pertencimento e coesão social nas áreas atendidas. Trata-se de uma estratégia que resgata o território como lugar de vida, convivência e direitos, afastando-o da lógica de marginalização e controle punitivo.
A replicação do modelo das UPS para cidades como Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá reforça a eficácia da proposta, desde que adaptada às particularidades de cada contexto urbano. Nessas localidades, a instalação das unidades foi acompanhada de diagnóstico situacional prévio, planejamento conjunto com as comunidades e definição de metas objetivas de redução de criminalidade e melhoria da qualidade de vida. A territorialização do policiamento, nesse caso, não se limita à ocupação física, mas incorpora a escuta comunitária como método de gestão, promovendo ações mais sensíveis às realidades locais e mais eficazes na prevenção de conflitos.
Portanto, as Unidades Paraná Seguro consolidam-se como uma estratégia inovadora e eficaz de segurança pública, capaz de articular presença policial permanente, ações sociais integradas e valorização do espaço público como direito coletivo. Os resultados observados reforçam a necessidade de consolidar esse modelo como política de Estado, garantindo sua expansão com planejamento, formação continuada dos agentes envolvidos e avaliação sistemática de seus impactos. Mais do que uma medida de combate à violência, as UPS configuram-se como instrumentos de reconstrução democrática da presença do Estado em territórios historicamente negligenciados, contribuindo para a promoção de justiça social, cidadania e paz urbana.
4.4 Ações Integradas e Inclusão Social
Para além da contenção direta da violência, a atuação da Polícia Militar do Paraná tem se destacado por incorporar uma dimensão social às suas estratégias de segurança pública, sobretudo por meio do desenvolvimento de ações intersetoriais em comunidades vulneráveis. Nesse contexto, o Projeto Segurança Social emerge como uma das iniciativas mais significativas, ao integrar instituições públicas, sociedade civil organizada e órgãos de proteção aos direitos fundamentais em uma agenda comum voltada ao fortalecimento comunitário e à promoção da cidadania. A proposta do programa é clara: atuar na raiz dos fatores de risco que alimentam a violência, substituindo a lógica da repressão isolada por uma intervenção preventiva e cooperativa.
O Projeto Segurança Social baseia-se na articulação com escolas, conselhos tutelares, unidades de saúde, igrejas, ONGs, CRAS e lideranças locais, criando uma rede de proteção social e estabelecendo fluxos permanentes de diálogo entre a PMPR e os diversos atores do território. As ações incluem desde visitas domiciliares e mediação de conflitos até oficinas culturais, campanhas de saúde, capacitações profissionais e atividades lúdicas com crianças e adolescentes. Trata-se de uma estratégia que insere o policial como elo entre o Estado e a população, ocupando um espaço simbólico de acolhimento e escuta, sobretudo em comunidades que tradicionalmente veem a polícia como uma presença punitiva ou distante.
Essa atuação multissetorial reflete um entendimento ampliado de segurança, baseado na construção de redes protetivas, na promoção de vínculos afetivos e na ressignificação da presença do Estado em territórios vulnerabilizados. Em vez de intervir apenas após o delito, o foco passa a ser a antecipação de situações de risco e o fortalecimento das capacidades comunitárias de proteção, inclusão e pertencimento. Segundo a perspectiva da segurança cidadã, amplamente difundida por organismos internacionais como o PNUD e a ONU-Habitat, não há segurança possível sem justiça social, sem educação, sem saúde e sem oportunidades para todos.
Um dos diferenciais da abordagem adotada pela PMPR por meio do Projeto Segurança Social é a ênfase na proximidade territorial e na gestão comunitária das demandas, o que favorece a criação de soluções adequadas às realidades locais. Os policiais envolvidos são capacitados para identificar situações de vulnerabilidade, mapear necessidades específicas e atuar em conjunto com as demais políticas públicas existentes no território. Além disso, a utilização de indicadores sociais, diagnósticos participativos e mecanismos de monitoramento contínuo confere maior eficiência e legitimidade às ações, permitindo intervenções mais efetivas e menos invasivas.
A promoção de atividades educativas, culturais e esportivas nas áreas atendidas contribui ainda para o estímulo à convivência pacífica e à valorização do espaço público como ambiente de integração e proteção. Projetos de grafite comunitário, cineclubes, rodas de leitura, campeonatos esportivos e hortas urbanas, organizados com apoio logístico da PMPR e de parceiros institucionais, transformam a paisagem urbana e fortalecem o senso de pertencimento dos moradores. Essas práticas colaboram para interromper trajetórias de exclusão social, reduzir tensões locais e reconfigurar a imagem da polícia como parte da solução, e não como agente de conflito.
Dessa forma, as ações integradas promovidas pela Polícia Militar do Paraná por meio do Projeto Segurança Social demonstram que segurança pública e inclusão social não são esferas distintas, mas sim complementares e interdependentes. A superação da violência estrutural exige políticas que envolvam, simultaneamente, a prevenção qualificada, o respeito aos direitos humanos, a participação comunitária e a presença constante e sensível do Estado. Ao adotar essa perspectiva, a PMPR avança na construção de uma segurança pública democrática, preventiva e promotora de equidade, consolidando um novo modelo de atuação em territórios historicamente marcados por exclusão e abandono.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo analisar a relação entre a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e as comunidades em situação de vulnerabilidade social, com ênfase nas estratégias de policiamento comunitário e nos programas sociais desenvolvidos pela corporação. A partir de uma abordagem qualitativa e de uma revisão bibliográfica e documental, foi possível compreender os avanços, os impactos e os desafios relacionados à atuação da PMPR em contextos marcados por desigualdade, exclusão e violência estrutural.
Os dados analisados demonstraram que iniciativas como o PROERD, o Projeto Formando Cidadão, o Projeto Segurança Social e as Unidades Paraná Seguro (UPS) contribuíram de forma significativa para a redução dos índices de criminalidade, especialmente em regiões urbanas periféricas. A atuação da PMPR, quando pautada por princípios de proximidade, diálogo e intersetorialidade, mostrou-se eficaz não apenas na contenção da violência, mas também na promoção da cidadania, da inclusão social e da reconfiguração das relações entre Estado e sociedade.
A territorialização das ações policiais, a integração com políticas públicas de educação, cultura, saúde e assistência social, bem como a formação continuada dos agentes em temas como direitos humanos e mediação de conflitos, emergem como elementos fundamentais para a consolidação de uma segurança pública democrática e preventiva. Os programas analisados não apenas ampliaram o alcance da corporação em áreas de risco, como também contribuíram para romper estigmas históricos e promover transformações efetivas nas trajetórias de jovens e famílias em situação de vulnerabilidade.
Entretanto, os resultados positivos não anulam os desafios ainda existentes. A manutenção e a ampliação dessas políticas exigem investimento público, gestão intersetorial eficiente, continuidade administrativa e avaliação sistemática de impacto. Além disso, é necessário enfrentar entraves estruturais, como a rotatividade de efetivos, a sobrecarga de trabalho dos policiais e a resistência cultural à mudança de paradigma dentro da corporação.
Conclui-se, portanto, que a relação entre a Polícia Militar e comunidades vulneráveis no Paraná tem evoluído positivamente na medida em que se fundamenta em práticas de escuta, respeito, inclusão e corresponsabilidade. Os exemplos analisados revelam que é possível construir um modelo de segurança pública comprometido com a justiça social, com os direitos humanos e com a dignidade das populações historicamente marginalizadas. Essa construção, no entanto, é contínua e demanda esforços articulados do poder público, da sociedade civil e das instituições de segurança.
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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)
SOUZA, Antonio Thales Carassa de e Paulo Rolon de Lima. IMPACTOS SOCIAIS DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO PARANÁ: A Experiência da Polícia Militar em Áreas Vulneráveis. Revista Di Fatto, Ciências Sociais Aplicadas, Gestão Pública, ISSN 2966-4527, DOI 10.5281/zenodo.15482586, Joinville-SC, ano 2025, n. 4, aprovado e publicado em 21/05/2025. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/impactos-sociais-do-policiamento-comunitario-no-parana-a-experiencia-da-policia-militar-em-areas-vulneraveis/. Acesso em: 25/07/2025.