Impacto da Esclerose Sistêmica no Tratamento Odontológico: Relato de Caso

Categoria: Ciências da Saúde Subcategoria: Odontologia

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Submissão: 20/05/2025

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Gabriel Tavares Costa

Curriculo do autor: Nome: Gabriel Tavares Costa E-mail: gabrieltavarescosta@gmail.com Telefone: (63) 99276-7113 Cidade: Palmas – TO Formação Acadêmica: Graduação em Odontologia – AFYA Palmas-TO, 2021 – 2025 (em andamento)

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Resumo

A esclerose sistêmica é uma doença autoimune caracterizada pela fibrose progressiva da pele e dos órgãos internos, podendo afetar diversos sistemas do corpo humano. A cavidade oral é uma das áreas frequentemente comprometidas pela doença, com manifestações que podem variar desde dificuldades funcionais até complicações estéticas, tais como microstomia, atrofia das glândulas salivares e refluxo estomacal. Essas alterações elevam o risco de cáries, infecções periodontais, reabsorção óssea mandibular e edentulismo. Este artigo tem como objetivo relatar um caso clínico de um paciente com esclerose sistêmica e discutir os impactos dessa condição na saúde bucal.

Palavras-Chave

Esclerose sistêmica, cavidade oral, microstomia, tratamento odontológico.

Abstract

Systemic sclerosis is an autoimmune disease characterized by progressive fibrosis of the skin and internal organs, which can affect several systems of the human body. The oral cavity is one of the areas frequently affected by the disease, with manifestations that can range from functional difficulties to aesthetic complications, such as microstomia, salivary gland atrophy and stomach reflux. The decrease in salivary flow and the increase in acidity in the oral cavity compromise the lubrication of the oral mucous membranes, increasing the risk of cavities, periodontal infections, mandibular bone resorption and edentulism. This article aims to report a clinical case of a patient with systemic sclerosis and discuss the impacts of this condition on oral health.

Keywords

Systemic sclerosis, oral cavity, microstomia, dental treatment.

INTRODUÇÃO

A esclerose sistêmica é uma doença autoimune que se caracteriza pela deposição excessiva de colágeno nos tecidos conjuntivos, levando à fibrose de diversos órgãos e estruturas, incluindo a pele, pulmões, rins e trato gastrointestinal. No entanto, a cavidade oral também pode ser afetada pela doença, com manifestações que incluem xerostomia, microstomia, dificuldade de deglutição, entre outras complicações. Essas condições podem impactar negativamente a qualidade de vida do paciente, interferindo nas funções orais básicas, como falar, mastigar e engolir.

É uma condição relativamente rara, de causa desconhecida, que pode afetar os tecidos orais e periorais, é comum em mulheres entre 30 e 50 anos, cerca de 70% dos pacientes com esclerose sistêmica apresentam xerostomia e aproximadamente 50% desenvolvem microstomia. Sua evolução é lenta, progressiva e incapacitante, podendo, no entanto, ocorrer de forma rápida e fatal, devido ao comprometimento dos órgãos internos, geralmente se inicia na terceira ou quarta décadas de vida.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 54 anos, chegou a clinica se queixando da estética dos seus dentes anteriores e da perca de vários dentes.

Na anamnese a paciente relatou ser portadora de Esclerose Sistêmica, pré-diabética e fazer uso do medicamento Pregabalina, no histórico odontológico relatou sentir um estalo ao abrir e fechar a boca.

Ao exame clinico, observou-se limitação da abertura da boca, lesões de caries, fraturas, recessão gengival, acumulo de placas bacterianas, perca de vários dentes (endentulismo), e sinais de xerostomia (boca seca).

DISCUSSÃO

A esclerose sistêmica é caracterizada uma condição única, considerada uma enfermidade relativamente rara, sua incidência é de 2 a 10 para cada 1 milhão de indivíduos na população geral, atingindo, preferencialmente, mulheres entre a idade de 30 e 50 anos. O nome da enfermidade advém da sua principal característica: o engrossamento da pele.

A principal manifestação da escelroce sistêmica é a microstomia, trata-se da redução da abertura da boca e do afinamento dos lábios, devido à esclerose da pele ao redor da boca, dos lábios e mucosa oral (bochechas e gengiva). Como consequência, surge a limitação da abertura da boca Incapacidade de fechar os lábios dificuldade para falar, mastigar, realizar a higiene dental e realizar tratamentos odontológicos.

Provoca também a atrofia das glândulas salivares, ou seja, a redução do tamanho e da atividade das glândulas que produzem saliva. Como consequência, pode haver xerostomia (sensação de boca seca) halitose (mau hálito) alteração do paladar, desconforto oral, dificuldade para engolir, dificuldade para falar, aumento da acidez bucal e erosão das estruturas dentárias, aumentando o risco de cáries, doença periodontal e de infecções orais.

Essa condição causa a redução da movimentação do esôfago (dismotilidade esofágica), contribuindo para o retorno de conteúdo estomacal ácido para a cavidade bucal (refluxo gastroesofágico), assim aumentando a acidez na cavidade bucal causando erosão do esmalte dos dentes, tornando-os mais susceptíveis a cáries.

Além disso, modificações atróficas do liquido sinovial podem influenciar no envolvimento da articulação temporomandibular (ATM), diminuindo a abertura bucal e dificuldades nos movimentos mandibulares, assim causando dor orofacial e alteração da função mastigatória.

Portanto, o manejo odontológico de pacientes com esclerose sistêmica requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo o controle da xerostomia, a prevenção de complicações odontológicas e a adaptação de tratamentos odontológicos às limitações funcionais apresentadas por esses indivíduos. Estratégias como o uso de lubrificantes orais, tratamentos restauradores minimamente invasivos e dispositivos de alongamento bucal são essenciais para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes.

CONCLUSÃO

O impacto da esclerose sistêmica na cavidade oral pode ser significativo, com repercussões diretas na função e estética oral, por sua vez, pode tornar o acesso ao tratamento odontológico mais desafiador, exigindo adaptações nos procedimentos clínicos. O reconhecimento precoce dessas manifestações, o manejo odontológico adequado e o acompanhamento multidisciplinar são fundamentais para o sucesso do tratamento, visando reduzir as complicações associadas à doença e melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

Tavares Gabriel. Impacto da Esclerose Sistêmica no Tratamento Odontológico: Relato de Caso. Revista Di Fatto, Ciências da Saúde, Odontologia, ISSN 2966-4527, DOI 10.5281/zenodo.17087262, Joinville-SC, ano 2025, n. 5, aprovado e publicado em 09/09/2025. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/impacto-da-esclerose-sistemica-na-cavidade-oral-relato-de-caso/. Acesso em: 17/12/2025.