Eficiência Operacional das Concessionárias Privadas na Distribuição de Água Potável no Rio de Janeiro
Autores
Resumo
Este artigo examina a eficiência operacional das concessionárias privadas responsáveis pela distribuição de água potável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, após a implementação do Novo Marco do Saneamento. A pesquisa investiga os desafios e as oportunidades no processo de universalização do acesso à água, analisando os investimentos, as perdas hídricas e as mudanças percebidas pela população. A comparação entre a gestão pública e a atuação privada destaca os principais avanços e obstáculos encontrados, fornecendo uma visão crítica sobre a sustentabilidade e a eficácia das práticas adotadas. A análise revela que, apesar de avanços significativos, as melhorias não são uniformes para toda a população, e desafios como aceitação pública e fiscalização ainda precisam ser superados para garantir a universalização do serviço.
Palavras-ChaveEficiência Operacional, Privatização da Água, Saneamento Básico, Universalização do Serviço, Sustentabilidade.
Abstract
This article examines the operational efficiency of private concessionaires responsible for the distribution of potable water in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, after the implementation of the New Sanitation Framework. The research investigates the challenges and opportunities in the process of universalizing access to water, analyzing investments, water losses, and the changes perceived by the population. The comparison between public management and private management highlights the main advancements and obstacles found, providing a critical view of the sustainability and effectiveness of the practices adopted. The analysis reveals that, despite significant improvements, the benefits are not uniform across the population, and challenges such as public acceptance and oversight still need to be addressed to ensure the universalization of the service.
KeywordsOperational Efficiency, Water Privatization, Basic Sanitation, Service Universalization, Sustainability.
1. Introdução:
A privatização dos serviços de distribuição de água tem sido uma estratégia adotada por diversos países para aumentar a eficiência e a cobertura do abastecimento. No Brasil, a Lei nº 14.026/2020, conhecida como o Novo Marco do Saneamento, incentivou a concessão do serviço à iniciativa privada, visando a universalização do acesso à água potável e esgotamento sanitário até 2033.
Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), a concessão do serviço foi dividida em blocos, e empresas privadas passaram a operar a distribuição de água, assumindo compromissos de investimento e metas de atendimento. No entanto, essa transição enfrenta desafios, como infraestrutura defasada, perdas hídricas e resistência social à privatização.
Além dos dados técnicos, as percepções da população são essenciais para entender a real eficiência dessas mudanças. Durante visitas a comunidades periféricas, percebi que a sensação de melhora no serviço varia bastante. Algumas localidades agora possuem abastecimento regular, enquanto outras ainda enfrentam dificuldades, como intermitência no fornecimento e demora em reparos, principalmente em regiões mais carentes, como as comunidades.
Diante deste contexto, o presente estudo busca responder: As concessionárias privadas demonstram maior eficiência operacional do que a gestão pública anterior? Quais os principais desafios para a universalização do serviço? Como garantir a sustentabilidade da distribuição de água na RMRJ?
2. Referencial Teórico:
A eficiência operacional no setor de saneamento pode ser avaliada com base em indicadores como índice de perdas, investimentos per capita, tempo de resposta a vazamentos e satisfação dos consumidores (TUNDISI, 2018). A literatura internacional aponta que a privatização pode resultar em maior eficiência, desde que haja regulação eficaz e fiscalização contínua (GASSNER et al., 2009).
Estudos comparativos entre modelos de gestão pública e privada mostram que, em alguns países, houve aumento na cobertura e qualidade do serviço, enquanto em outros, a privatização resultou em tarifas elevadas sem melhoria significativa (HALL & LOBINA, 2006). No Brasil, experiências como a da Região Metropolitana de São Paulo indicam que a concessão privada pode reduzir perdas e aumentar investimentos, mas exige monitoramento rigoroso (SILVA & SANTOS, 2020).
3. Metodologia:
A pesquisa adota abordagem qualitativa e quantitativa, baseada em:
- Levantamento de dados: Análise de relatórios das concessionárias privadas, índices de perdas, investimentos e qualidade do serviço.
- Estudo de casos: Comparação entre a gestão pública anterior e a atuação das concessionárias privadas.
- Entrevistas e pesquisas de satisfação: Coleta de percepções de usuários sobre a qualidade da água e do atendimento.
- Observação de campo: Registro de relatos de moradores e visitas a localidades impactadas.
- Validação dos dados: Comparação com indicadores nacionais e internacionais de eficiência no saneamento.
4. Resultados e Discussão:
4.1 Indicadores de Eficiência:
A análise dos primeiros anos de concessão revela avanços na redução de perdas hídricas e aumento dos investimentos em infraestrutura. A Tabela 1 apresenta dados comparativos da eficiência operacional antes e depois da privatização.
Tabela 1 – Comparação de Indicadores de Eficiência (Antes e Depois da Privatização)
| Indicador | Gestão Pública (2019) | Gestão Privada (2023) | Melhoria (%) |
|---|---|---|---|
| Índice de Perdas (%) | 45% | 32% | 28,9% |
| Investimentos (R$ Bilhões) | 1,2 | 2,5 | 108,3% |
| Tempo médio de reparo (h) | 48 | 24 | 50% |
| Cobertura de Água (%) | 85% | 91% | 7,1% |
Fonte: Relatórios operacionais da Águas do Rio, Iguá Saneamento e Rio+ Saneamento (2023).
Além dos números, os relatos reforçam que os benefícios ainda não são uniformes para toda a população. Enquanto algumas regiões notam melhorias evidentes, outras ainda sofrem com a lentidão na resolução de problemas, como vazamentos e baixa pressão.
5. Desafios e Oportunidades:
Apesar das melhorias, persistem desafios para a universalização do serviço:
- Infraestrutura defasada: Tubulações antigas e falta de manutenção adequada geram perdas elevadas.
- Aceitação pública: Parte da população ainda desconfia da privatização, temendo aumento de tarifas.
- Regulação e fiscalização: A Agência Reguladora precisa garantir o cumprimento das metas de investimento e qualidade.
Entre as oportunidades, destaca-se a modernização da gestão, uso de tecnologias para monitoramento em tempo real e parcerias com governos para subsídios à população de baixa renda.
6. Conclusão:
A análise indica que a concessão privada da distribuição de água na RMRJ trouxe melhorias nos indicadores de eficiência, especialmente na redução de perdas e aumento de investimentos. No entanto, desafios como a aceitação pública e a fiscalização rigorosa ainda precisam ser enfrentados para garantir a universalização do serviço de forma sustentável.
A pesquisa de campo revelou que, para muitos moradores, a eficiência da gestão privada ainda não foi plenamente percebida. O acesso universal à água potável só será atingido com um equilíbrio entre investimentos robustos, fiscalização eficiente e envolvimento da população nas decisões.
Referências Bibliográficas:
- Gassner, K., Popov, A., & Pushak, N. (2009). Does Private Sector Participation Improve Performance in the Water Sector? World Bank Policy Research Working Paper Series, No. 5074.
- Hall, D., & Lobina, E. (2006). Water Privatization and Alternative Models of Public Sector Management. International Journal of Water Resources Development, 22(1), 55-74.
- Nunes, F., & Souza, M. (2020). A evolução da gestão hídrica no Brasil e os desafios da privatização do saneamento. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, 25(3), 245-264.
- Oliveira, L., & Souza, P. (2022). A regulação no setor de saneamento e seus impactos na gestão de água no Brasil. Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental, 18(2), 89-101.
- Silva, R., & Lima, V. (2021). Análise da distribuição de água no estado do Rio de Janeiro: Desafios e avanços no processo de privatização. Revista Brasileira de Engenharia Sanitária, 34(4), 112-126.
- Silva, E., & Santos, M. P. (2020). Desafios do Saneamento Básico no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.
- Tundisi, J. G. (2018). Gestão de recursos hídricos no Brasil: Desafios e perspectivas. São Paulo: Editora Acadêmica.
Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)
RIBEIROMATIAS, RAPHAEL. Eficiência Operacional das Concessionárias Privadas na Distribuição de Água Potável no Rio de Janeiro. Revista Di Fatto, Engenharia Ambiental, Engenharias, ISSN 2966-4527, DOI 10.5281/zenodo.15298509, Joinville-SC, ano 2025, n. 4, aprovado e publicado em 28/04/2025. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/eficiencia-operacional-das-concessionarias-privadas-na-distribuicao-de-agua-potavel-no-rio-de-janeiro/. Acesso em: 13/12/2025.
