Cateter de diálise peritoneal, abordagens

Categoria: Ciências da Saúde Subcategoria: Medicina

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12/01/2025

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Luisa gabrielle Temponi Gonçalves

Curriculo do autor: Medicina Faseh Cirurgia geral hmt

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Resumo

A diálise peritoneal (DP) é uma forma eficaz de tratamento alternativo a hemodiálise. Dentre as modalidades de inserção do cateter que torna a DP possível há disponível a técnica cirúrgica (cirurgia aberta ou assistida por laparoscopia) ou por técnica percutânea (Seldinger ou técnica de Seldinger modificada) guiado por imagem. Dentre os métodos mais utilizados foi observado que as técnicas laparoscópicas minimizaram o risco de falha do cateter, de complicações e morbidade. Porém, a falta desses recursos não descarta a utilização das técnicas aberta de Seldinger, ainda com bons resultados. As complicações mais comuns são vazamento pericateter, falha na drenagem, hérnias abdominais, peritonite, infecção da saída do cateter.

Palavras-Chave

Cateter de diálise peritoneal. Laparotomia. Abordagens laparoscópica e laparotomica.

Abstract

Peritoneal dialysis (PD) is an effective alternative treatment to hemodialysis. Among the catheter insertion methods that enable PD, there are surgical techniques (open surgery or laparoscopic-assisted) or percutaneous techniques (Seldinger or modified Seldinger technique) guided by imaging. Among the most commonly used methods, it has been observed that laparoscopic techniques minimize the risk of catheter failure, complications, and morbidity. However, the lack of these resources does not rule out the use of open or Seldinger techniques, which still yield good results. The most common complications include pericatheter leakage, drainage failure, abdominal hernias, peritonitis, and catheter exit-site infection.

Keywords

Peritoneal dialysis catheter. Laparotomy. Laparoscopic and laparotomic approaches.

INTRODUÇÃO

A diálise peritoneal (DP) é uma forma eficaz de tratamento para pacientes com doença renal em estágio avançado, em que se utiliza um liquido de dialise em contato com o peritônio como membrana de troca. Modalidade essa que oferece a possibilidade ao paciente de ser tratado em casa.

A escolha adequada e o conhecimento a cerca das melhores práticas na sua inserção podem minimizar o risco de complicações. Uma DP bem-sucedida e o sucesso do tratamento, com maior sobrevida do cateter,depende muito do método de inserção. São eles: técnica cirúrgica (cirurgia aberta ou assistida por laparoscopia) ou por técnica percutânea (Seldinger ou técnica de Seldingermodificada) guiado por imagem.

A introdução da laparoscopia e minilaparoscopia trouxe grandes avanços na implantação de cateteres de DP, visto que visam minimizar o risco de falha do cateter, de complicações e morbidade.

 

DISCUSSÃO

O primeiro passo para realizar a dialise peritoneal é o implante de um cateter através da paredeabdominal, que permitirá o fluxo bidirecional da solução de diálise. O cateter é um tubo flexível de silicone com múltiplos poros em sua porção distal (intra-abdominal), devendo idealmente ser posicionado livremente na região pélvica, sendo ocateter Tenckhoff o mais comumente utilizado.

A escolha entre as diversas técnicas de inserção do cateter depende da disponibilidade de recursos, experiência da equipe e tolerância do paciente frente a anestesia e comorbidades do mesmo.

 

A introdução da laparoscopia foi um grande avanço na implantação de cateteres de DP e está associado a várias vantagens. A literatura atual endossa amplamente os benefícios da cirurgia minimamente invasiva. Desde o início da década de 1990, a laparoscopia tem sido aplicada por muitos cirurgiões adultos e pediátricos, para a inserção de cateteres de DP, bem como para recuperação de cateteres não funcionantes.

 

Dessa forma, em locais com recurso, o procedimento preferível é por via laparoscópica avançada, já que o método foi associado ao menor risco de complicações associadas ao cateter, como a redução da obstrução do cateter, migração do cateter, vazamento pericateter  e hérnias incisionais, além de uma melhor sobrevida do dispositivo em dois anos.

Para pacientes com um histórico de cirurgia abdominal de grande porte (ou suspeita de aderências intra-abdominais), obesos ou que requerem outros procedimentos simultâneos, como por exemplo, correção de hérnia, a colocação avançada é ainda mais indicada.

 

 

A respeito do ato cirúrgico, algumas medidas são mandatórias para melhor eficiência do procedimento. O cateter de Tenckhoff é exteriorizado lateralmente através de um orifício chamado ponto de saída e possui dois manguitos de Dacron, sendo um externo, e o outro manguito fica próximo ao peritônio

A colocação do cateter deve ser uma abordagem paramediana, com tunelização da bainha do reto, que consiste na criação de um túnel musculofascialem direção craniocaudal, mantendo assim a orientação pélvica da ponta do cateter e prevenção da migração do mesmo.

O manguito profundo deve ser posicionado no músculo reto abdominal e, se possível, fixado com uma sutura em bolsa para reduzir o risco de vazamentos precoces ou posterior desenvolvimento de hérnias.

 

O local de saída deve ser dimensionado para um ajuste confortável ao redor do cateter para limitar seu movimento e possivelmente diminuir o risco de infecção

 

Nenhuma sutura de ancoragem de cateter deve ser colocada, pois pode servir como foco de infecção. 

 

A desobstrução do cateter deve ser assegurada antes de concluir o procedimento.

 

Como toda abordagem cirúrgica, o implante de cateter de Tenchoff possui riscos de complicações. Dentre as mais comuns, destaca-se:

 

1) Vazamento do pericateter: sendo recomendado um período de duas semanas para pacientes que iniciam a DP eletiva (break in)

 

2) Falha na drenagem / Disfunção do dispositivo: o cateter infunde e não drena, geralmente relacionado à constipação intestinal, migração da ponta ou “sequestro do omento”, ou o cateter não infunde e não drena, o que ocorre devido a dobras e obstrução.
3) Hérnias abdominais, que podem ocorrer em 10% a 25% dos pacientes com DP como resultado do aumento da pressão intra-abdominal e, na maioria das vezes, requerem correção cirúrgica. Existem potenciais fatores de risco, como o volume infundido, cirurgia recente, obesidade e doença renal policística
4) Hidrotórax: é uma complicação rara que ocorre pela passagem do dialisato para o espaço pleural via vasos linfáticos ou por um defeito diafragmático congênito
5) Peritonite: É a complicação mais grave da DP, sendo o principal fator para o falha da técnica. Pacientes submetidos ao procedimento, evoluindo com dor abdominal devem sempre ter o diagnóstico de peritonite descartado. Dor abdominal, fluido de diálise turvo e reação peritoneal são sintomas que podem ser encontrados, confirmados por uma contagem de células do dialisato superior a 100 leucócitos/μL, com predominância de pelo menos 50% de células polimorfonucleares.

 

6) Infecção da saída do cateter, normalmente diagnosticada pela presença de hiperemia local e exsudato. Os dois principais agentes etiológicos são S. aureus e P. aeruginosa.
 

Conclusão

A DP é uma escolha adequada de tratamento que melhora adesão dos pacientes. Porém, como todo procedimento cirúrgico tem riscos que devem ser levados em consideração.

Dentre os métodos mais utilizados foi observado que as técnicas laparoscópicas minimizaram o risco de falha do cateter, de complicações e morbidade.

Porém, a falta desses recursos não descarta a utilização das técnicas aberta de Seldinger, ainda com bons resultados.

 

Referências:

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Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

GONCALVES, Luísa gabrielle temponi. Cateter de diálise peritoneal, abordagens. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/cateter-de-dialise-peritoneal-abordagens/. Acesso em: 01/07/2025.