A Metodologia Suzuki no Folclore
Autores
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de compreender o método Suzuki no contexto da cultura e da educação musical brasileira, investigando as dificuldades dos alunos da educação musical que estão inseridos na metodologia Suzuki utilizada nos instrumentos de cordas e compreender o papel do folclore na aprendizagem dos alunos. A metodologia utilizada na confecção do trabalho é a qualitativa e investigativa ocorrendo da seguinte forma: seleção das fontes, revisão bibliográfica, levantamento de dados, análise dos dados coletados e considerações finais. A bibliografia contou com artigos científicos publicados em revistas eletrônicas relacionadas a metodologia Suzuki nos instrumentos de cordas e ao folclore brasileiro. O estudo além de buscar compreender a utilização do folclore brasileiro no método Suzuki, as dificuldades enfrentadas pelos alunos e estratégias pedagógicas para solucioná-las, procura sugerir algumas possíveis práticas que podem ajudar a amenizar a evasão escolar no tocante a educação musical possibilitando uma maior aderência e permanência dos alunos nas aulas de educação musical e profissionalização dos alunos levando-os a se consolidarem como músicos para que possam atuar em bandas, orquestras, coros de igrejas. Existindo grande possibilidade de viverem para a música e da música, dessa forma os benefícios não são somente para si mesmos, mas para a sociedade brasileira de modo geral que usufruirá da arte musical, da alegria e das variadas emoções que a música proporciona.
Palavras-ChaveMetodologia Suzuki. Educação Musical. Alunos. Folclore.
Abstract
This work aims to understand the Suzuki method in the context of Brazilian culture and musical education, investigating the difficulties of music education students who are inserted in the Suzuki methodology used on string instruments and understanding the role of folklore in student learning. The methodology used in preparing the work is qualitative and investigative, occurring as follows: selection of sources, bibliographic review, data collection, analysis of collected data and final considerations. The bibliography included scientific articles published in electronic magazines related to the Suzuki methodology on string instruments and Brazilian folklore. The study, in addition to seeking to understand the use of Brazilian folklore in the Suzuki method, the difficulties faced by students and pedagogical strategies to resolve them, seeks to suggest some possible practices that can help alleviate school dropouts in terms of musical education, enabling greater adherence and retention of students in music education classes and professionalization of students, leading them to consolidate themselves as musicians so that they can perform in bands, orchestras, church choirs. As there is a great possibility of living for music and music, the benefits are not only for themselves, but for Brazilian society in general, which will enjoy the art of music, the joy of the varied emotions that music provides.
KeywordsSuzuki Methodology. Music Education. Students. Folklore.
1 INTRODUÇÃO
O trabalho aborda o método Suzuki associado ao folclore brasileiro como estratégia de ensino para que os alunos tenham maior desempenho e adesão a este método de ensino. O método Suzuki é concebido como um excelente método japonês para o ensino de música, para que tenha uma melhor funcionalidade no Brasil passou por algumas adaptações.
O método Suzuki sofreu adaptações como a utilização do folclore atuando como facilitador da aprendizagem nos instrumentos de corda devido as peças musicais estrangeiras causarem certa dificuldade aos alunos.
Este trabalho almeja responder as seguinte problematização: Por que os alunos sentem dificuldades na execução das peças estrangeiras na execução dos instrumentos de corda, como; violão, violino entre outros? Por que o folclore brasileiro auxilia os alunos na aprendizagem baseada no método Suzuki?
Algumas respostas prováveis para essas perguntas são; os alunos não se identificam e também não conhecem as letras das músicas estrangeiras, isso causa certa dificuldade na execução instrumental com desenvoltura. O folclore traz consigo elementos que estimulam a identidade cultural local, regional e nacional nos alunos da educação musical. Isso causa maior adesão e estímulo aos jovens a frequentar as aulas de música e até mesmo a se profissionalizarem como músicos no futuro.
Os objetivos do trabalho são; identificar os principais elementos dificultadores da aprendizagem através do método Suzuki nos instrumentos de corda em solo brasileiro e o papel do folclore associado método Suzuki no Brasil.
O trabalho aqui apresentado possui relevância por abordar aspectos que melhoram a qualidades musical e os fatores motivacionais que possam levar os jovens a obterem maior sucesso na aprendizagem do ensino musical e até mesmo optarem pela profissionalização se tornando no futuro músicos profissionais atuantes.
A metodologia utilizada na elaboração do trabalho é a qualitativa, realizada através da seleção das fontes, revisão da bibliografia e coleta de dados, análise dos dados coletados e considerações finais.
2 DESENVOLVIMENTO
Com mais de 30 anos de existência segundo Aguera (2017, p. 40) o método Suzuki de violão tem sido difundido por vários países. Porém, o método Suzuki não se restringi apenas ao violão sendo utilizado também em outros instrumentos musicais. Iniciado nos Estados Unidos da Anéria (EUA) através do surgimento do Suzuki Association of the America International Guitar Committee e logo após a publicação dos volumes 1 e 2 no ano de 1991.
Com o passar dos anos, o método vai se solidificando até que em 2007 se publica o nono e último volume oferecendo assim uma metodologia de ensino progressiva e consistente para a formação do aluno. O método Suzuki de Violão se inicia de forma mais abrangente no Brasil no ano de 2014, quando acontece o curso de capacitação para professores de Violão referente ao livro 1, ministrado pela professora americana MaryLou Roberts1. (Aguera, 2017, p. 40).
No tocante aos alunos que foram alvos da metodologia Suzuki no violino, quando ainda iniciantes no método, possuem certa dificuldade. O fator desmotivador desses alunos são as peças estrangeiras praticamente desconhecidas pelas crianças e o mesmo acontece no violão devido ao repertório utilizado. O professor que utiliza o método Suzuki na sua prática docente encontra dificuldade em conscientizar os alunos e seus pais da importância de ouvir o repertório diariamente que é a peça chave para a aprendizagem e aperfeiçoamento da metodologia Suzuki.
A partir dessas experiências surgiu a ideia de inclusão do repertório do folclore brasileiro como parte da rotina de estudos do aluno. Dessa forma o aluno consegue assimilar o método Suzuki com maior desenvoltura se sentindo mais estimulado. “De fato, as peças devem ser apresentadas de forma progressiva aproveitando conhecimentos prévios do aluno e introduzindo novidades paulatinamente”. (Aguera, 2017, p. 41). A inclusão do repertório e de peças folclóricas deve ser organizada criteriosamente para atingir suas finalidades metodológicas e de aprendizagem.
É comum os alunos de instrumentos de corda sofrerem influência de diversas formas, inclusive relacionadas ao ensino básico. “O ensino infantil básico dos instrumentos de cordas requer organização pedagógica e ambiente com alto nível de motivação para que o aluno se interesse pelo seu aprendizado e pratique com frequência”. (de Andrade Borges, 2016, p. 146).
Na busca de adaptações para tornar converter o método Suzuki em uma aprendizagem significativa, a música mineira e seu folclore vão sendo associados aos poucos para que os alunos assimilem com maior desenvoltura o método Suzuki no ensino de violino.
A abordagem de ensino proposta abrange as seguintes linhas de ação: utilização do repertório exclusivamente brasileiro, seguindo a abordagem de conceitos técnico-musicais introduzidos no repertório do Método Suzuki; apresentação do repertório desenvolvido em três formações instrumentais distintas, para promover a prática da música de câmara; inclusão de princípios do Método Suzuki relativos ao ensino, prática e performance do instrumento; e inclusão de atividades que introduzam e desenvolvam, desde os primeiros estágios do aprendizado, hábitos posturais e técnicos saudáveis, baseados na metodologia de ensino de Paul Rolland. (de Andrade Borges, 2016, p. 146, 147).
Estas ações proporcionam aos alunos do nível básico uma aprendizagem mais completa e divertida com intuito de prevenir maus hábitos. Atuando no desenvolvimento concreto das habilidades técnicas e musicais, estas são essenciais para instrumentistas dos níveis intermediário e avançado.
Há alguns quesitos que complicam a formação de músicos no Brasil por exemplo: propagação inadequada do ensino da música; diminuindo o número de crianças que estudam viola, violino, contrabaixo ou violoncelo. Também as desistências; e falta de continuidade do ensino. “Faz-se necessário desenvolver estratégias para captação de um maior contingente de alunos e mantê-los motivados durante o período de aprendizagem básica do instrumento, a fim de que prossigam estudando e se profissionalizem”. (de Andrade Borges, 2016, p. 147).
Lembrando que a falta de recursos disponíveis para conquistar um público maior de alunos é essencial, seja no setor público, seja no setor privado. O trabalho com projetos pode contribuir consideravelmente para atrair números maiores de alunos e mantendo-os por mais tempo nos cursos de música até a profissionalização que é um dos objetivos a serem alcançados.
Os autores dos Anjos Afonso e Aguera (2020, p. 1) relatam que nos últimos anos os estudantes formados pelo método Suzuki se destacam nas suas performances nos cursos de violão como os promovidos pelo GFA -Guitar Foundation of America. No entanto, o método elaborado em 1983 por Frank Longay está distante do ambiente acadêmico brasileiro, o qual apresenta majoritariamente pesquisas das escolas tradicionais de violão.
Conversando com colegas que também atuam como professores de violino em ONGs, e em cursos coletivos de ensino musical em escolas vocacionais e demais instituições afins, percebi que eles também sentiam falta de um método que sistematizasse as canções folclóricas, organizando-as em etapas, por grau de dificuldade, da forma mais gradual e agradável possível. (Vianna, 2018, p. 2).
Conclui-se então que existe uma necessidade de categorizar as turmas por níveis de desenvolvimento com objetivo de facilitar a aprendizagem dos alunos, dessa forma um não atrapalha o desenvolvimento do outro. Vianna (2018, p. 2) faz uma ressalva que alguns métodos de ensino musical possuem uma progressão técnica musical voltada ao aluno iniciante que lhe ofereça diversidade musical evitando que os alunos se restrinjam somente ao estudo dos mestres clássicos estrangeiros e do folclore internacional.
Vamos agora conhecer ainda que resumidamente como funciona parte da metodologia Suzuki utilizando o folclore brasileiro:
O método inicia-se com a história de um indiozinho (o curumim Aipim) que é escolhido pela coruja Zé caburé, (espécie comum em nossas matas), para substituir um idoso professor de violino, que encantava, com suas melodias, uma floresta brasileira habitada por diversos animais falantes e personagens do nosso folclore, como o Saci e o Curupira. Os personagens da história vão ajudaras crianças e o curumim a desvendar os “mistérios” do estudo do violino, os cuidados necessários para preservar o instrumento, as posturas corretas, as partes do violino e do arco, e toda a técnica necessária à formação de uma base sólida no ensino do instrumento. (Vianna, 2016, p. 424).
Para trabalhar com o folclore no violino segundo Vianna (2016, p. 425), as canções são criteriosamente escolhidas, e todas elas possuem uma segunda voz que serve de acompanhamento a ser realizado pelo professor na sala de aula.
Além do aprendizado do violino, o método proposto preocupa-se com a preservação e a transmissão para as novas gerações, de uma tradição cultural – o folclore, acreditando na possibilidade e, principalmente, na necessidade de demonstrar que o material folclórico brasileiro, pode e deve continuar a ser utilizado na educação musical. Nossa experiência com alunos nos prova que o folclore, quando apresentado de forma atualizada, vinculado às experiências da vida cotidiana dos alunos, tem ainda uma força didática que não pode ser desprezada. (Vianna, 2016, p. 424).
Observando o excerto acima, percebe-se que a utilização do folclore brasileiro no ensino musical transcende a didática e o método e vai para o espectro cultural das crianças e adolescentes contemplando a vivência dos alunos do dia a dia deles. Isso proporciona os alunos a se reconhecerem dentro de suas identidades locais e nacional.
Desse modo, na perspectiva de Suzuki, as crianças aprendem a língua a partir da escuta de exemplos constantes das pessoas que estão à sua volta e poderiam aprender música da mesma forma, contando com um entorno de qualidade, baseando a aprendizagem no processo de imitação. (Alderette, & Wolffenbüttel, 2016, p. 289).
Seguindo este raciocínio é reafirmado com coerência que trazer a metodologia Suzuki para o folclore brasileiro além de ressignificar a aprendizagem dos alunos inserindo-os no seu contexto cultural e identitário favorece a aprendizagem através do idioma nativo proporcionando a aprendizagem por meio da imitação. Ou seja, as técnicas musicais, inovações e desempenho são favorecidas através desta conjuntura em que os alunos estão inseridos.
No Brasil, nomes como Lambert Ribeiro, Luiz Oliani, Maria Rainer Kupffer, George Marinuzzi, Emmanuel Côelho Maciel, Linda Kruger e Anamaria Peixoto, Ênio Antunes, Kênia Chantal, Patrícia Mello, Keeyth Vianna, Paulo Bosisio são referências no ensino e aprendizagem do instrumento. Seus trabalhos e pesquisas têm sido objeto de estudo e discussão, como demonstra o levantamento bibliográfico realizado. Este levantamento revela ainda o crescimento do interesse na iniciação ao violino, especialmente com a utilização do repertório de música brasileira. (Rochael, 2022, p.192).
Ao contrário de; de Andrade Borges (2016, p. 147) que faz um alerta para a desmotivação dos jovens alunos ocasionando desistências do curso de violino, de Rochael (2022, p. 192) denota um crescimento do interesse de jovens interessados pela aprendizagem do instrumento de violino, porém a dificuldade que de Andrade Borges (2016, p. 147) diz é referente a permanência nos cursos de música e profissionalização musical dos estudantes.
3 CONCLUSÃO
Diante do exposto sobre a metodologia Suzuki nos instrumentos de corda, é verificado certa dificuldade dos alunos iniciantes em executar os instrumentos baseado nas peças estrangeiras. Visto que no que parece a porta de entrada da metodologia Suzuki no Brasil é os Estados Unidos da América (USA).
A inserção do folclore pelos músicos e musicistas brasileiros(as) ressignificou a aprendizagem dos jovens alunos, favorecendo a aprendizagem através dos ritmos musicais nacionais e das letras que a maioria delas os alunos já conhecem e se identificam, esse fator traz à tona a identidade local e nacional dos alunos favorecendo os seus desempenhos e o interesse pelo o ensino musical “brasileiro”. Porém, com o método japonês muito utilizado na Europa, América do Norte e agora na América do Sul, veem confirmando sua eficiência e uma boa adesão pelos músicos de forma geral.
Muitos alunos frequentadores da educação musical costumam desistir no meio do caminho não se consolidando como músicos. Ou seja, a profissionalização não ocorre devido a desmotivação que pode ocorrer de diversas formas.
Uma das maneiras de cativar o aluno do ensino musical com maior assiduidade até atingir a sua o seu status de músico são os projetos educacionais. As viagens nacionais constantes e as esporádicas internacionais são um grande atrativos e também o fator motivador desses alunos a seguir a carreira musical das diversas formas existes, seja posteriormente em uma banda, orquestra, no coro da igreja etc.
Premiações ao melhor desempenho no ano podem ser oferecidas, seja a um aluno somente ou mais a critério do patrocinador, por exemplo: uma viagem internacional no final do ano para conhecer a cultura musical de um país levando-o a lugares específicos como; A Orquestra Filarmônica de Viena e a Orquestra Sinfônica de Londres.
REFERÊNCIAS
Aguera, F. (2017). Peças folclóricas brasileiras associadas ao método Suzuki de violão: propostas para abordagem de duas peças. SIMPÓSIO ACADÊMICO DE VIOLíO DA EMBAP, IX, 40-48. https://embap.curitiba1.unespar.edu.br/menu-pesquisa/publicacoes/Anais_IX_SAVEmbap_com_capa_final.pdf#page=46
Alderette, T., & Wolffenbüttel, C. R. (2016). A musicalização como instrumento para construção de conceitos para a vida. 28ºSeminário Nacional de Arte e Educação e 9ºEncontro de Pesquisa em Arte-ISSN 2359-6120 (online), (25), 286-290.
https://seer.fundarte.rs.gov.br/Anaissem/article/view/394
de Andrade Borges, G. (2016). O Método Suzuki e o folclore brasileiro: proposta de uma abordagem de ensino para os instrumentos de cordas. Revista Música Hodie, 16(2). https://revistas.ufg.br/musica/article/view/45340
dos Anjos Afonso, F., & Aguera, F. (2020). Violão Suzuki: procedimentos técnicos abordados no primeiro volume e a sua relação com a escola Carlevariana. Revista Vórtex, 8(3), 1-33.
https://periodicos.unespar.edu.br/vortex/article/view/3991
Rochael, J. (2022). Ensino de violino para iniciantes e música brasileira: uma revisão de literatura. Anais do SIMPOM, (7), 189-196.
https://seer.unirio.br/simpom/article/view/12480/12325
Vianna, K. V. (2018, July). Iniciação infantil ao violino com músicas folclóricas brasileiras. In CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO E EM MÚSICA, XXVIII (pp. 1-8). https://anppom.org.br/anais/anaiscongresso_anppom_2018/5119/public/5119-18167-1-PB.pdf
Vianna, K. V. (2016). Uma introdução ao violino para crianças: repensando o folclore brasileiro como recurso didático. Anais do SIMPOM, (4). https://seer.unirio.br/simpom/article/view/5681
Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)
DIAS, Rodrigo Donizete. A Metodologia Suzuki no Folclore. Revista Di Fatto, Subcategoria Artes e Letras, Música, ISSN 2966-4527, DOI 10.5281/zenodo.14969221, Joinville-SC, ano 2025, n. 4, aprovado e publicado em 04/03/2025. Disponível em: https://revistadifatto.com.br/artigos/a-metodologia-suzuki-no-folclore/. Acesso em: 24/04/2025.